quinta-feira, 16 de julho de 2015

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Bodas de Canário

Jesus transformou água em vinho.
Tu transformaste-me num gelado e deixaste-me derreter ao sol.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O Mercado da Mediocridade


Em tempos de crise, prolifera o empreendedorismo. Estão muito na moda as start-ups, o marketing, os pitches, o life coaching e outras tantas palavras inglesas. Já muitos escreveram sobre o assunto, já muita gente se riu com os Migueis Gonçalves, os Chagas Freitas e os Gustavos Santos desta vida. Para eles, os marketeers (e todos os supracitados são precisamente isso; vivem do marketing), nós somos os velhos do Restelo, somos os chatos, os botabaixistas que não querem ver o país andar para a frente e então ficam no sofá (ou nos blogues) a mandar bitaites sobre os negócios dos outros.

Não me interpretem mal: há bom empreendedorismo em Portugal, como em todo o lado. Bons projectos, projectos com valor. Mas aqui está a grande questão: para mim, um bom projecto, a par de gerar valor para quem o concebe, deve gerar valor para o país, para o mundo. Ou, no limite, não o retirar. Se eu escrever livros de auto-ajuda com os pés só porque sei que há dois milhões de pessoas que os vão comprar e é dinheiro fácil, eu retiro valor à literatura, que deveria ser uma arte e não um mero negócio. Valorizo o mercado do livro de auto-ajuda e desvalorizo a criação literária. Se eu criar uma empresa de traduções online como a Unbabel, onde pode trabalhar qualquer pessoa, qualquer biscateiro, que pratica preços baixíssimos e gera traduções de baixíssima qualidade (um texto é traduzido por umas 15 pessoas, nenhuma delas tem acesso aos bocados que os outros traduziram e – a razão mais óbvia – nenhuma delas é tradutora), estou a desvalorizar o trabalho do tradutor profissional e a promover o lixo.

E dizem-me vocês: «Mas se esse mercado fast-food existe, se há a lei da oferta e da procura, qual é o problema de o explorar? Cada um escolhe o que quer, não sou responsável pelas escolhas dos outros». O problema é simples: para o país avançar, não bastam boas ideias de negócio. São necessárias ideias que premeiem a qualidade e não a mediocridade.